Calma. Nenhum europeu está invadindo território nacional, ou nenhum está batendo em nossa porta pra roubar qualquer tipo de riqueza nacional. O que acontece, senhores, é algo bem mais asqueroso e perigoso. É quando a colonização de mentes parte de dentro, do seio do próprio país.
Não é coisa de hoje. Já se viu muita desgraça em território nacional em nome de se seguir o dito padrão europeu (que no futebol seria o padrão FIFA). No Rio, famílias foram desalojadas do centro da cidade pelos simples fato do "chique" rependinamente ter se tornado algo que não possibilitaria a coexistência dos hábitos mais acentrais e ORIGINAIS do povo brasileiro. E o povo, ao menos aqui, é realmente povo. Alí, no Rio, aquelas famílias foram deixadas ao deus-dará por que se resolveu que um novo modelo urbanístico (como sempre, não tão novo na europa) deveria ser implantado: alamedas modernas, arquitetura europeia. Ausência de identidade.
Ao que parece, isso foi superado. Não por que o brasileiro tenha aceitado o que é daqui, veja bem. Agora ele atura o fato da favela poder ser um ambiente de produção cultural e social, atura as religiões de matriz africanas, e atura os índios (apesar de, via de regra, ninguém sequer lembrar dos índios). Mas tudo isso parece fugir do tema, então vamos lá: não existe caravela em sua porta, meu caro. O que é grave, haja vista que aí sim, se teria um sinal claro do que se deseja fazer em prol da copa.
Passando para o campo da educação: nos ensinam que o inglês é a língua universal. A obviedade da metáfora não merece atenção. Mas será? Olhando um pouco pra dentro do território, a questão da língua não parece bem clara. Brasileiro não sabe falar inglês, e isso é tido com defeito. Até por que a globalização só deve ser globalizante pra um dos lados: o que globaliza suas condutas.
Aí que, mediante toda a babaquice de padrão FIFA e a "telespectorização" do torcedor, ainda temos que nos deparar com quadros de tevê que nos dizem o que devemos seguir pra "fazer bonito" com a gringada. Hora, veja... Pra mudar a ótica que alguns podem achar de esquerda, vamos pensar de tal forma: se seu país quer ser soberado, ele não deve se curvar, mas sim se impor.
Pois bem.
Se não bastasse o padrão FIFA exigir mudanças apenas de um lado, o do torcedor (o espectador e o consumidor só se benefeciam, isso para não mencionar quem vende isso tudo), a própria grande mídia brasileira o tem feito. O programa "Fantástico", nos prega uma peça: devemos saber tratar o gringo. É... O cidadão que sai de Boston deve se sentir em Boston. Nada de errado, veja bem: TODO ser humano deve se sentir digno em toda parte. A não ser que isso mude o modo de agir de todo um povo. Segue abaixo o link da matéria.
http://www.youtube.com/watch?v=Jb2EF-ru5FM
http://www.youtube.com/watch?v=Jb2EF-ru5FM
O brasileiro não sabe falar inglês, fala palavrão, fala alto. Mas, como tantas outras coisas, isso não deve ser mudado pelo "simples" fato de ocorrerá aqui estarão (estarão?) milhares de gringos. A identidade de todo um povo, meus caros, não deve e não pode ser alterado. Até por que quando se vai ao exterior, lá não esperam de nós, meros brasileiros e mortais, que se fale português, mas sim inglês, francês, alemão. Não se pode agir mais como brasileiro. O objetivo de não chocar os nativos pressupõe o fato de que não podemos ser quem nós somos...
... e eis que, a fim da copa de 2014, tal absurdo se estende até aqui: matéria do fantástico, vinheta na tv ensinando como receber um gringo, e polícia no RJ autuando quem joga lixo na rua. Não por ele jogar lixo na rua (o que quer queira, quer não, seja certo ou errado, é um hábito nacional) e por isso ser em si uma imbecilidade. Mas sim por que é um hábito que desagrada quem vem de fora.
Que a onda imbecilizante persista, e que continuemos colonizados. A copa taí, e o gringo não pode se decpcionar. A depecpção só é permitida em nível interno, nunca de fora pra dentro. Isso só é permitido a nós mesmos.
Caetano Bezerra
Caetano Bezerra
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