domingo, 18 de agosto de 2013

Irá Guardiola resistir ao Bayern?



Em 19 de maio de 2012, Cech fechava o gol na final da Champions League, e o Chelsea se sagrava campeão da Europa, feito inédito para o clube inglês. Robben perde um pênalti, e aumenta ainda mais a sua fama de pipoqueiro. Toda uma (boa) geração de jovens jogares é fritada, e tal desconfiança tem seus reflexos na nationalelf, que há anos deve um título para o povo alemão. 

A desconfiança em torno do Bayern não era exagero: o Borussia Dortmund vinha de dois campeonatos alemães e uma copa da alemanha. Uma rivalidade começava, e não se podia ficar atrás. Os bávaros não conquistavam uma Champions desde 2001. Não que não tivessem alcançado nenhuma final até aquele ano. Alcançaram, e fracassaram. 

Nesse mesmo ambiente, Pep Guardiola sai do Barcelona, alegando desgaste. Campeão de tudo pelo Barça, e livre no mercado, em questão de meses era anunciado pelo Bayern, que clamava por títulos. Ao mesmo tempo, Heynckes já tinha consciência que seus dias estavam contados. O futebol intenso, porém até então "fracassado" de Heynckes daria lugar a um dos toques de bola mais impressionantes desde a seleção holandesa de 74, o estilo de Guardiola.



No meio-tempo entre o anúncio de Guardiola e sua posse, o Bayern foi campeão de TUDO. Levou a Bundesliga, Pokal, e inclusive a Champions League, competição na qual o futebol alemão mostrou sua força e qualidade, eliminando o badalado "campeonato espanhol", por assim dizer. Tudo isso com o mesmo elenco do fracasso anterior, e com gol do título marcado "pipoqueiro" Robben, que só virou titular da equipe devido a uma contusão Kroos. Heynckes, por sua vez, igonorava os prognósticos que diziam que ele tiraria o pé na sua "última" temporada pelos bávaros, e ganhou tudo jogando um futebol intenso e simplesmente impressionante. 

Nesse clima, Guardiola assume a equipe. Meses de estudo de táticas e  do idioma alemão seriam postas à prova, agora, sempre à sombra do impressionante resultado alcançado por Heynckes na temporada anterior. Nada que um supercampeão não conseguisse lidar. Será? 

Chegam os jogos da pré-temporada. O Bayern contratara o promissor Mario Götze do rival Dortmund e o igualmente promissor Thiago Alcântara junto ao Barcelona. A partir desses jogos começaram os problemas. O que se viu na pré-temporada foi a tentativa exacerbada de alterar radicalmente o inalterável.  Em contrapartida, Guardiola parecia fazer de tudo para encaixar Thiago no time, realojando outros jogadores para assegurar a titularidade de seus pupilo. Trocas de posicionamento desnecessárias: Lahm, o melhor lateral direito do mundo, foi pra volância; Martinez, improvisado de zagueiro; Müller foi jogar de centroavante.O futebol intenso de toques diretos e rápidos deu lugar ao toque de bola que impressionantes, mas é igualmente fatigante. Os bávaros, porém, golearam em seus amistosos e chamaram a atenção do mundo. O Bayern já impressionava à todos... Até a supercopa da alemanha... 


Naquele jogo de tirar o fôlego, o Borussia levou o título em cima do badalado e já cogitado como virtual campeão de tudo da temporada bayern, e ainda instaurara um mal estar dentro do clube. Assuntos antes abafados vieram à tona: Schweinsteiger, Ribery e Luís Gustavo declararam que não sabiam o que o treinador queria que eles fizessem em campo. Os improvisos malucos e desnecessários foram questionados, e o antigo Bayern pareceu ganhar sobrevida: Muller voltou pro meio, Mandzukic, grande nome da pré-temporada (apesar de escanteado por Pep pelo grave crime de ser centroavante), pro ataque, brocando como de costume. Lahm, o melhor do mundo na sua posição, voltou pra lateral, apesar de Guardiola ainda insistir em coloca-lo no meio no decorrer dos jogos (para a alegria do antes encostado Rafinha). 

Aí veio o alemão. Dois jogos em que o Bayern venceu, mas não convenceu ninguém. O esquema 4-1-4-1, inventado por Guardiola mostrava seus defeitos na marcação: um verdadeiro rombo nas costas dos meias. Nos dois primeiros jogos, muitos foram os contra-ataques tomados pelo time de Pep, que só não deixou de vencer pela qualidade individual de seus jogadores e pelo peso de sua camisa. 

O recado está sendo claro: Não se deve alterar o que é imutável, mas sim tentar aprimora-lo. A expectativa que se tinha do espanhol aliar o toque de bola e a movimentação do Barça com a intensidade da máquina alemã deu lugar à suspeita. E não sem motivos. Pelo contrário, eles foram enumerados à exaustão nesse texto. O ponto é: Irá Guardiola continuar a resistir ao estilo de jogo do Bayern pelo orgulho (ou arrogância) de querer a todo custo imprimir sua marca no time?

Caetano Bezerra

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