quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sport x Huracán e um panorama de mudanças

                                                        Foto: globoesporte.com

É bom dizer antes de iniciar tal texto: não sou analista tático e nem pretendo ser. Sou apenas uma pessoa dentre muitas que, além de assistir futebol, se importa em tentar entender o jogo. Visto assim, vamos ao texto. 

Dentre os vários lugares-comuns do futebol, um deles diz que um time não muda sem que o treinador tenha tempo de treinar a equipe, o que é uma verdade (não sou um hater dos clichês, na verdade). Na noite de ontem, quem esteve atento pôde visualizar um Sport que já tenta mudar um pouco o seu estilo anterior, ao menos até os 60 minutos de peleja. 

DAS OBSERVAÇÕES DO JOGO 

As peças utilizadas não mudaram em relação ao jogo anterior, com exceção dos atletas suspensos e da entrada de Régis na vaga de Elber. Podemos ver no primeiro tempo, no que se refere a marcação, um time que tenta marcar mais na área adversária, ora no 4-2-3-1 e ora até no 4-2-1-3, com Marlone, André e Maikon Leite compondo uma linha de 3 no campo adversário, ainda que o conceito de marcação pressão, que Thiago Gomes, auxiliar de Falcão e que montou times ofensivos em sua curta carreira, ainda esteja longe da perfeição: falta coordenação de movimentos, mais atenção e disposição dos atletas para isso. 

A maior velocidade do time até, ao menos, os 60 minutos de jogo se deveu a uma maior movimentação dos atletas da linha de frente do time, do pivô sempre bem executado por André para quem vinha de trás, sejam os volantes ou os pontas e laterais, bem como um maior volume de passes verticais e diagonais trocados pelo time. Ao contrário do que se pensa comumente, a velocidade do time não é dada apenas por pontas velozes, mas por essa coordenação de movimentos e por passes verticais e diagonais.

DAS ATUAÇÕES INDIVIDUAIS EM RELAÇÃO AO TIME 

Neste ponto incide o fato crucial para que o time, mesmo com essas mudanças, tenha tido dificuldade para romper a última linha do bom time do Huracán. Não vamos dar notas aos jogadores, mas avaliar seu rendimento no que toca a equipe e o que se pretendeu fazer nesse jogo. 

Pontas: mais uma vez, os pontas contribuíram para a queda de rendimento do time no último quarto de campo. Maikon Leite tropeçava nas pernas, não dando sequência às jogadas e, principalmente, tomava decisões erradas sempre que conseguia obter alguma vantagem sobre o adversário (o que eu considero o seu pior defeito: Maikon Leite não é um jogador inteligente). Somado a sua indisposição para marcar nas últimas rodadas, isso justifica, há tempos, um banco de reservas para o jogador. No primeiro tempo, Marlone ocupou a outra ponta, mas sobre ele falaremos mais na frente. Elber, que entrou na vaga de Régis, repetiu a atuação de Maikon Leite na outra ponta, e com seus constantes dribles errados, o time pouco foi para a linha de fundo no segundo tempo, ou seja, perdeu profundidade.  

Volantes: No primeiro tempo, bem. Rithely roubava e interceptava bem as bolas erradas do Huracán, que propriciava uma saída em velocidade do time, com Marlone, Régis e Maikon. Diego Souza, mesmo com sua indisposição física, era crucial na saída de bola, por arriscar mais passes profundos no lugar dos laterais. Com sua saída, caiu Rithely e Wendel não conseguiu repetir a atuação, já que tentava mais infiltrar do que armar as jogadas de trás. 

Laterais: o calo dessa equipe. Tanto Renê quanto Ferrugem não correspondem tecnicamente, tendo Renê a agravante de ser um lateral que não vai à linha de fundo e pouco cruza, talvez por não ter disposição física para tal, o que se evidencia pelas pouquíssimas arrancadas e ultrapassagens do jogador. 

AS SURPRESAS

Marlone começou aberto na esquerda, como vinha jogando, e já estava muito bem nessa função: ganhava em velocidade no 1x1, carregava a bola em velocidade (coisa que falta muito nesse time atual: jogadores pegam a bola e trotam procurando uma opção), invertendo, lançando e finalizando. Foi centralizando no decorrer da partida, trocando com  Régis, e no segundo tempo manteve o nível de atuação, já mais fixado no centro. 

Régis como sempre fez aquela partida meia-boca: joga bem 10 minutos (não importa se entrar no começo, no meio ou no fim da partida) e após, se apaga e esconde atrás dos volantes adversários. A solução de Falcão foi simples, porém pouco testada nessa temporada: Régis foi lançado na esquerda, e o time ganhou profundidade, drible e velocidade no pouco tempo que assim jogou no segundo tempo. Apesar de não ter ido muito bem, suas características (e o fato de ser canhoto) ajudaram para um rendimento maior do time: mais tabelas, corridas sem ter que puxar sempre para a perna direita, e o drible que apareceu bem naquele lado e ajudou a criar algumas jogadas de perigo, já que, como visto, o marcador sempre esperou a puxada para a direita de Elber - e sempre desarmava. 




Então, o que esperar desse time de Falcão e Thiago Gomes (sempre bom frisar o trabalho do auxiliar de Falcão por onde ele passa)? Diria que mais velocidade, com movimentação e passes mais diagonais e pontas agressivos, marcação pressão no campo adversário e, falando de escalação, Marlone centralizado, vindo buscar o jogo e agredindo o adversário, e Régis na ponta esquerda. Isso dependerá em muito de melhores atuações de nossos pontas, volantes e laterais, por óbvio: não existe tática sem técnica. Nos resta aguardar e esperar melhores dias. 

3 comentários:

  1. Sobre o time, acho que, além do que foi falado (que concordo com quase tudo) as pessoas principais para partida eram os laterais/pontas... por dois motivos (ao meu ver) o Huracan tentou “embolar” o meio campo (sem congestionado) e, principalmente no segundo tempo, ficou evidente como as pontas eram um válvula de escape para o Sport. Tanto para jogadas cruzamento, como para jogadas individuais (o famoso facão, abraços Geninho). Maikon Leite até “guardou posição”, porém, como você disse, ele é burro (e errou tudo que tentou). Já Régis é um jogador tecnicamente bom, porém, digamos... taticamente confuso. Em dados momentos ele vai para o meio, tentando buscar jogadas com o André (e deixa um buraco na esquerda), depois busca com Renê, sem muito sucesso. O problema não é a movimentação e sim a movimentação nula (que muitas vezes ele faz).

    Ou seja, com a pouca movimentação (ou falta de qualidade) deles o time tanto perdeu jogadores para abrir espaço no meio do Huracan, puxar a marcação, fazer um jogada individual (como foi no gol do Sport), etc. E perdeu também jogadas de fundo.
    Sobre o resto do time. Até gostei de Ferrugem, acho que faltou uma companhia melhor mesmo para ele. Outro ponto, aí não tático e mais técnico é Durval. Por um lado fiquei “feliz” pois, pelo que deu para notar o problema de Durval não era mau-caratismo (problemas com Eduardo) e sim técnico, uma pena, até porque não temos um banco confiável. Matheus, apesar do pênalti imbecil, atualmente passa bem mais segurança.

    Ahh e a entrada de Hernane foi bem “vai lá e resolve” (algo que ao meu ver não tem muito espaço no futebol). Ele entrou e o time basicamente fez apenas um cruzamento (aproveitado por ele), que ficou saindo da área (não tem qualidade técnica para isso), enfim... ficou meio sem propósito.

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    1. Sobre a zaga: quando Matheus falha geralmente é decorrente da falha de outro, que ele tenta corrigir. Renê foi driblado, Ábila correu para o setor de Durval, que não foi no lance. Matheus foi tapar o buraco e fez o pênalti.

      E Régis, eu acho ele perdidíssimo quando joga centralizado. Fica de costas pro gol quando tem que vir buscar e sair com ela no chão. Na esquerda, como movimentação mais linear e menos embate físico, talvez renda mais. Acho isso faz umas duas rodadas, e ontem no segundo tempo, quando acabou o revezando entre ele e Marlone e cada um se fixou num espaço, acho que boas jogadas foram criadas.

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